Quando me olho no espelho,
Bem no fundo dos meus olhos,
Eu acredito em alma.
Nara Loupe
sábado, 23 de agosto de 2008
terça-feira, 5 de agosto de 2008
aos amargos
Um suicida
No beiral do edifício
Olha para baixo e cogita se jogar
Abriu os braços
Mas não teve coragem
Porque não teve desejo.
Uma criança
Que mal nasceu
Não viu a luz quente do sol
Mas sofreu sob a artificial
Entrou em coma
E faleceu.
Uma nuvem cinza
Pesada de vergonha
Que demora sobre nossas cabeças
Ameaçadora
Mas lentamente e concentrada
Passa e vai para longe
Cair em tempestade.
Um louco
De calças sujas de excretos
Berrando coisas incompreensíveis
Sua carne fede
Ele caminha rapidamente pela rua
Na certeza de que achará o castelo.
Um leão
Sendo engaiolado
Rugindo todo o seu instinto
Ainda arisco, movido pela fome
De coisas que sangram
Lançado num circo
Adoece e se deixa domar.
Um assassino
Que se arrepende
Entrega-se, é algemado.
Mas uma vez atrás das grades
Volta a se sentir bem
Prova de uma liberdade
Que não sentia enquanto fugitivo
Um enfermo
Respiração ofegante
Dor, náusea e tremores
Anorexia, hipertensão...
Salvo pelos anticorpos,
Anticulpas, antivergonhas.
(Nara Loupe)
