Sonhar é um tapa
Na cara da realidade.
Quem quiser que veja!
Ficar de olhos abertos
É um susto que não passa
E deixa suspenso de pavor,
Forçando a ver
O real insuportável
De todas as manhãs.
Loucura é uma sorte,
Um instante livre
Pelo universo apagado.
Devaneios pelo incerto
Porque não há caminhos,
Porque não há escolha,
Só sonhar,
Imaginar as coisas
Do jeito que se deseja.
Deus é uma aspirina
Para usar em dias ruins.
Mesmo que seja placebo,
Pílula de papel,
Importa o falso efeito,
Que faça sentir-se bem
Do jeito que lhe convém.
Mistura, faz um ritual
E bebe o sonho inteiro
Num gole inevitável.
Nara Loupe